Papo Reto

Ser um amputado, deficiente físico em geral, é complicado. Você tem que aprender que:
Não é comum ver uma pessoa sem o (os) membro (s) ou com corpo um pouco diferente, mas é normal, 'somos normais". E as pessoas vão parar pra olhar, irão reparar, afinal de contas é diferente do que elas estão habituadas a ver e conviver. E muitas das vezes elas não se darão conta da situação, então acostume-se! Algumas até vão ter pavor de você (que ainda não foi o meu caso, mas sei que pode acontecer), preconceito existe em tudo: cor , raça, religião, gostos... e você pode ser discriminado por isso. Não é que tenha que se conformar com isso, mas não fique desmotivado e triste, não se sinta menos que os outros. Isso mostra que você tem mais um motivo dentre tantos outros pra se superar. Porém não exija de você o limite do outro, só por conhecer alguém, as vezes na mesma condição que você, que faz uma certa coisa, você não tem obrigação de fazer o mesmo e da mesma forma. Cada um tem um limite!
Adaptações - com treino e esforço a maioria das coisas que são muito difíceis (agora) se tornam fáceis e comuns a você, o "negócio" é ter persistência e paciência.
Recadinho às pessoas próximas e do cotidiano -  cuidados com pessoas nas nossas condições, ainda mais inicialmente, são necessários. Mas cuidado, não "protejam de mais por que se não estraga".
Uma coisa é muito desconfortável para a maioria de nós, não tenham dó ou pena, são horríveis os olhares de piedade e pena, pra piorar mais você sempre escuta, tadinha, coitada.... Deixa eu tentar explicar: aconteceu uma fatalidade, nossa que ruim!  Mas não é o fim do mundo, temos que continuar a viver da melhor forma possível e não dá pra mudar o que já aconteceu, o que temos  diante de nós é uma nova forma de viver e de fazer as coisas, e temos que reaprender ou aprender a fazer tudo nas condições que estamos. Dó e pena não ajudam! Muito pelo contrário.
Cada um tem uma condição diferente do outro. Eu por exemplo tenho a sorte de ter uma família ótima, ótimos profissionais que estão trabalhando comigo, minha cidade tem uma boa estrutura na área da saúde pública e o local onde trabalham a parte da protetização (que é pelo SUS) também é excelente.
Sei que infelizmente não é a condição de todos (mas deveria ser), porém se esforce, supere limites impostos a você!

 


   
 

Comentários

  1. Meu pai teve seu braço direito amputado em março/1996 na antiga Açominas. Ele teve esmagamento na altura do cotovelo, mas por causa dos danos teve que ser retirada mais uma parte, ficando com um coto. Apesar das dificuldades iniciais, hoje ele já consegue escrever com a mão esquerda, anda de bicicleta... Procuramos ajudá-lo de forma que não se sinta incapaz, principalmente na alimentação. O apoio da família é sempre fundamental. Parabens pela sua iniciativa.

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    1. Obrigada Laine! Realmente é muito importante e é ótimo saber que ele conseguiu reaprender a viver, independente da sua condição, se adaptar a ela! Vi alguns poucos casos de amputadas que não tem essa aceitação, mesmo com a ajuda e apoiodafamília! Um abraço!

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  2. Gostei muito do seu blog Rosy. É bom vc escrever e contar como vc se sente, pq sei q mtas pessoas qndo t veem, pensam e comentam na hr "É a menina q foi atropelada na av", eu já escutei isso no hospital qndo vc está na fisioterapia... O q ngm sabe é q vc é uma mulher forte, de fibra, e q apesar de todas as dificuldade, ainda vive a sua vida, e não desistiu... Uma mulher bonita q gosta de arrumar e de sair... O lance é q eles veem a Rosy de antes (com 2 pernas) e a Rosy de agora (amputada) como duas pessoas diferentes... E se esquecem q o q mudou foi apenas isso... Vc tem garra, e sempre teve... Já passou por mtas coisas, e essa é só mais uma... Tem gnt q tem deficiências q não podem ser vistas, mas que são 1000 vezes pior do q não ter algum membro... O importante de tdo, é saber que tem pessoas ao seu lado com as quais pode contar sempre... Pessoas q t veem além de uma perna amputada... Q veem a Rosy Campos...

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    1. Obrigada Mara Júnia, legal saber q vc pensa assim! Nos acompanhe, terei muitas coisas interessantes e legais a expor! Beijão!

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  3. Ei Rosy! Não sei se você sabe, mas sou Terapeuta Ocupacional. Trabalho no HC, ao lado do João XXIII e tive oportunidade de encontrar seus pais algumas vezes por aqui em BH. Na medida em que ia tendo notícias suas, fui ficando cada vez mais tranquila, principalmente por saber do suporte que você teria pela sua família, amigos antigos e os novos. Fiquei super feliz quando soube do blog. O conteúdo é excelente! As pessoas precisam mesmo se informar, para quebrar o tabu. E uma coisa que você e as pessoas que comentaram disseram, adaptar é preciso. Sempre. Amputada ou não, sempre temos que nos adaptar frente às novas situações das nossas vidas. E você está fazendo isso muito bem! Conte comigo!Bjoo

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